Autor: Professor Paulo Pires
Pelo sentido eminentemente pragmático e criativo, a verdadeira essência das visitas de estudo emerge numa zona de fratura das linguagens convencionais, ultrapassando-as, já que essas nos limitam e não nos conseguem transmitir e expressar tudo através da sua capacidade significativa.
O pendor prático e estético com que se reveste uma visita de estudo, subjacente na relação diádica entre o observado e observador, permite a este último assumir a condição de contemplador e nos locais fruir a realidade nos seus aspetos, históricos, sociais, culturais, artísticos e turísticos, de modo a poder transfigurá-la. Assim, a aprendizagem resultante das visitas de estudo não se reduz a uma realidade inerte e cristalizada. Pelo contrário, as visitas de estudo constituem um excelente instrumento de interrogação e contemplação, resultante do primado dado a uma prática efetiva e dinâmica que possibilita o emergir da reflexão crítica e “abertura de horizontes”, proporcionando a convergência da formação e da informação, num horizonte de aperfeiçoamento pessoal e cultural.
Deste modo, poder-se-á admitir que as visitas de estudo ajudam a moldar positivamente a personalidade dos jovens alunos e incutem neles sentimentos de amizade e partilha, tornando-os cidadãos responsáveis, solidários, conscientes, intervenientes e conhecedores da realidade e do país onde vivem.
No âmbito do ensino, as visitas de estudo, para além de possibilitarem aos alunos consolidar conteúdos programáticos inerentes às disciplinas, permitem responder às necessidades pedagógicas e de aprendizagem dos mesmos (aprendizagens essenciais).
Neste sentido, o fundamento das visitas de estudo prende-se, na sua essência, com os três aspetos: interesse metodológico (permite aos alunos o desenvolvimento de um conjunto de competências curriculares como sejam: observação direta, interpretação, crítica/argumentação, avaliação, interdisciplinaridade); motivação na aprendizagem (como a atividade letiva se desenrola fora do ambiente normal da sala de aula, constitui uma motivação acrescida para os alunos que decorre do caráter informal e lúdico); valores e atitudes que se desenvolvem (estes embora difíceis de quantificar contribuem valiosamente na formação do cidadão autónomo, solidário, interveniente e criativo).
