Os deuses malandros

Autor: Professora Fernanda Tiago

Não foi por mero acaso que, subitamente, pensei no politeísmo grego marcado profundamente pelo antropomorfismo.

O senso da razão tornou a religião helénica numa religião sem dogmas.

Imortalidade, metamorfose e invisibilidade são similitudes explicáveis inteiramente nos “deuses”.

Decerto, num fundo luminoso se destacará Apolo, a graciosamente deliciosa Afrodite e, tranquilamente, o grandioso e enobrecido Zeus.

A influência nascente destes “Seres superiores” persuadindo os simples mortais aperta-me e provoca-me “digestões” difíceis.

Tocando maliciosamente em Hermes, apetecia-me bater-lhe familiarmente no ombro e destroná-lo da sua compostura, que lhe advém das suas “envernizadas mentiras”.

Contudo, por vezes, a magnificência dos “deuses” é intimidada pelas fulgurações doiradas, em atitudes lânguidas das célebres “Cariátides”.

Instintivamente intrusas, desconsoladas, e “vestidas” de afinidades elegantes, sustentam cestos de tédio instalados em baços cabelos claros, em anéis traídos pela claridade…

Depois, os “deuses” ficam desatinados…

Os semideuses indignados cantam em coro cantigas de escárnio e mal dizer, já ao gosto medieval.

Enfim, as sensações venenosas, incompreensivelmente também atacam os sobrenaturais.

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